quarta-feira, 22 de abril de 2009

Meritocracia - Parte 2

Como fiquei alguns dias sem postar nada, então vou produzir hoje.

Gostaria de voltar rapidamente ao tema do post de 23 de Março (O Brasil e a Meritocracia), mais especificamente ao exemplo 2 sobre a proliferação dos cargos não concursados no governo Lula.

Numa recente reportagem do Fantástico e também na edição de 08/04/2009 da revista EXAME um fato inusitado foi comentado e está 100% relacionado ao tema MERITOCRACIA e como seu conceito não é utilizado pelo governo brasileiro.

As reportagens em questão esclarecem que o Senado brasileiro tem 181 (!) diretores e entra no detalhe dos rendimentos de um deles.

Trata-se de Elias Lyra Brandão, Diretor da Coordenação de Administração de Residências Oficiais do Senado, ou no bom português, zelador dos apartamentos dos senadores. Este senhor que não foi admitido por concurso há 30 anos ganha hoje aproximadamente R$18 mil/mês.

Ou seja, Elias ganha o que um Diretor de multinacional (segundo dados da reportagem) com graduação, pós-graduação, inglês fluente e um sem-número de subordinados ganha. Caso queira uma outra comparação, é 2/3 do que ganha um Diretor do BNDES, geralmente com doutorado e mestrado e que comanda cerca de 370 subordinados além de já ter ocupado algum cargo estratégico em secretarias de finanças.

A explicação do governo (ou pelo menos tentativa) é de que não é porque a iniciativa privada paga mal que o governo também tem que pagar mal seus funcionários. Fico imaginando o que um professor de escola federal ou um médico de hospital público pensam dessa explicação. Certamente não estão ganhando muito mais do que seus pares do setor privado.

O problema é que, além de ferir diretamente todos os princípios de meritocracia, essa questão também demonstra toda a falta de zêlo da aplicação do dinheiro público pelo governo. Fica fácil com esses fatos explicar outra notícia recente da Folha: mesmo com toda economia com juros de dívida recente o governo não consegue cobrir seus gastos com pessoal. É a farra do boi, estou no setor errado..... (ver abaixo):

Um estudo do economista Alexandre Marinis, da consultoria Mosaico, mostra que o governo federal usou praticamente toda a economia que teve com a queda dos juros no pagamento da dívida para aumentar sua estrutura e o salário do funcionalismo público. Entre abril de 2006 e fevereiro de 2009, as despesas da União com juros caíram cerca de R$ 40 bilhões. No mesmo intervalo, os gastos com pessoal subiram os mesmos R$ 40 bilhões, ao passo que as despesas de capital (investimentos) aumentaram só R$ 14,7 bilhões. Ou seja, por mais que o governo tenha feito cortes de pessoal aqui e ali, a máquina ainda é inchada demais.

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