quarta-feira, 22 de abril de 2009

Filme do mês - Gran Torino

Caso você ainda não tenha assistido a Gran Torino, com o lendário ator e diretor Clint Eastwood, não deixe de fazê-lo no próximo final de semana.

Após uma série de decepções recentes (entre elas o vencedor do Oscar, que na minha opinião é no máximo OK e perderia pra Cidade de Deus) tive o prazer de no último Domingo ver meus R$ 30 do Cinemark muito bem valorizados.

Certamente Clint Eastwood tem papel fundamental para fazer com que o filme seja excelente (até porque ele é 90% do filme) porém os dois tópicos predominantes no enredo e como eles se desenrolam ao longo dos 116 minutos é que fazem a diferença dessa produção. São eles o racismo e a amargura com os erros do passado.

Não vou contar a estória pra não decepcionar os que ainda não viram mas basicamente o personagem de Eastwood vive uma rotina amarga após a morte de sua esposa variando entre o preconceito enorme contra a vizinhança oriental que dominou seu bairro e o ressentimento pelos desdobramentos psicológicos que a participação na Guerra da Coréia lhe causou e ao relacionamento com os filhos.

E é aí nesses dois pontos que o filme se torna muito atual e útil pois acredito que precisamos nos deparar com mais frequência com exemplos que nos façam ser mais flexíveis e menos resilientes com nossas posições e preconceitos. A velocidade da sociedade atual, o individualismo exacerbado, a competitividade acirrada naturalmente estão nos tornando cada vez mais impacientes, preconceituosos, com tendências a formar guetos, de se aproximar apenas do que nos leva à nossa zona de conforto.

O preconceito é cada vez maior (me incluo fortemente nessa tendência) contra pessoas com opções sexuais diferentes, moradores de regiões diferentes do país, torcedores de outros times de futebol, partidários de uma tendência política específica, só para citar os mais comuns. Essa tendência de separação e aglutinação de ideias específicas não é positiva para nosso desenvolvimento pessoal pois, a grande sabedoria é justamente saber ouvir os dois lados e tomar partido daquele que você acredita estar mais alinhado com o que você acredita.

É importante saber lidar com o lado oposto não como um adversário a ser massacrado, mas sim como uma opção que deve ser entendida e que pode gerar inclusive aprendizados importantes.

No filme Eastwood aos poucos dá espaço para o diálogo com a outra parte e é justamente nesse momento que abre-se uma lacuna para que os ressentimentos do passado sejam entendidos de outra forma, até porque a outra parte tem uma visão diferente das razões e das consequências que fatos passados devem representar na vida atual de cada um.

Ou seja, seja você um jovem de 10 anos ou um idoso com fortes marcas da vida (como Eastwood), não deixe de abrir a mente para o outro lado, de entender que sempre há uma visão/posição diferente e ambas necessariamente não são incompatíveis.

Citando frase famosa de meu pai: "A vida é a difícil arte de se conviver com os diferentes".

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Um comentário:

  1. Gostei muito do que você escreveu...
    Adorei o filme, realmente muito interessante o personagem de Eastwood. É uma pessoa dura e franca que fala na cara das pessoas tudo o que pensa. Apesar disso, não deixa de reconhecer no outro, no diferente, os valores que são importantes.
    Uma lição em tempos em que as pessoas se mostram cada vez mais 'diplomáticas' no tratar com o outro, porém por dentro continuam inflexíveis, pequenas, ignorantes e cheias de preconceitos velados.
    Por mais polarizante q um personagem como o de Clint seja (pq é rude, fala na cara o que pensa) é uma pessoa daquelas q deveriamos querer ter por perto pois é alguém que não esconde sua essência, num mundo de mascarados.

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