Paradigmas e modelos mentais

Todos nós temos paradigmas consolidados em nossas mentes, quer seja por questões culturais, familiares ou pessoais.


Ou seja, nosso cérebro funciona com um modelo mental que associa um julgamento automático sempre que estimulado por uma visão, um comentário, uma conversa com determinada pessoa em que já haja um padrão anterior "catalogado".


Estive refletindo sobre isso essa semana por dois motivos.


Primeiro (e mais famoso): Susan Boyle (inglesa que virou sensação da versão britânica do American Idol). Por que tanta fama ? Por que tanta surpresa ? Simplesmente porque ao invés de uma loira esguia como a Britney Spears (apesar de não andar muito esguia ultimamente) ou uma mulata opulenta como a Beyoncé, apresentou-se ao palco uma senhora idosa, feia, mal ajambrada mas que tinha uma voz sensacional.


E aí o modelo mental entra em ação: IDOSA FEIA e DESAJEITADA não é igual a CANTORA FAMOSA. BINGO!


Segundo: comecei um MBA essa semana junto com outros profissionais de grandes empresas de mercado e no segundo dia teríamos aula de Teoria das Organizações. Nossa surpresa foi que ao invés de um executivo de terno ao melhor estilo consultoria de grande gabarito surgiu na porta uma senhora com seus 75/80 anos que mais me lembrava minha avó do que qualquer outra coisa.


E aí o modelo mental entrou em ação de novo: MULHER BEM IDOSA não é compatível com professora atualizada de MBA de alto nível.


E mais uma vez o paradigma nos traiu pois não somente a professora era excelente, atualizadíssima, com um conteúdo fantástico mas também demonstrou saúde perfeita por ter aguentado 8 horas (!!!) de pé dando aula (coisa que eu sentado já não estava aguentando).


Fiquei pensando quantas oportunidades perdemos por conta dos nossos paradigmas e do modelo mental que funciona automaticamente. São oportunidades de negócio, profissionais, culturais, possíveis novas amizades que nunca se concretizam pelo bloqueio da mente.


Lembro-me que inclusive uns 2 anos atrás recebi um executivo que trabalhava em um fornecedor da empresa em que trabalho juntamente com outro gerente amigo meu (ambos com 28 anos na época). Ao entrar na sala a pessoa nos cumprimentou e ficou esperando a chegada dos dois gerentes na sala. Passados alguns segundos ele percebeu a gafe e soltou o seguinte comentário: "nossa, vocês são todos novos aqui, né ?".


Creio que são bons exemplos de que a melhor coisa a fazer é limpar seu histórico de julgamentos e zerar seu modelo mental. Nem toda pessoa nova é interessante, nem todo idoso é entrevado, nem todo carioca é marrento, nem todo baiano é folgado, nem todo paulistano é workaholic, nem todo político é ladrão e por aí vai.


A melhor fórmula é: esteja aberto e lembre-se que a vida é a difícil arte de se conviver com os diferentes. Vale a pena !